Liderança e seus paradoxos
Os dilemas da liderança
Muitos gestores confundem liderança e chefia, o ato de chefiar esta embasado na autoridade conferida pelo cargo, mas liderar exige mais do Gestor, que no atual momento tem que lidar com a diversidade, alta velocidade tecnológica e a necessidade de formar equipes vencedoras dentro de um contexto de mudanças estruturais rápidas e um continuo aumento da complexidade. A globalização hoje é sentida em frações de segundos e decisões externas afetam o curso das empresas. Falando sobre liderança compartilho com vocês um trecho do livro do Jack Welch – Paixão por Vencer! 8 regras de Liderança, que fala desta mudança de visão quando se é um líder, ( O que esperamos que todos os chefes sejam) e dos seus paradoxos. Tenham uma boa reflexão!
……..
Um dia, você se torna um líder.
Numa segunda-feira, você está executando suas tarefas de sempre, satisfeito com o seu trabalho, tocando um projeto, conversando e rindo com os colegas sobre a vida e sobre o trabalho,e fofocando sobre a burrice da gerência e na terça você é a gerência. Você é o chefe.
De repente, tudo parece diferente porque é diferente. A liderança exige comportamentos e atitudes diferentes, e para muitas pessoas, tudo é inédito na nova função. Antes de se tornar um líder, o sucesso diz respeito exclusivamente ao seu crescimento pessoal. Quando você vira um, o sucesso passa a depender do crescimento dos outros.
Há muitas maneiras de liderar, cada líder lhe dará uma lista diferente de regras de liderança.
Mas antes, uma palavra sobre paradoxos. A liderança está repleta de paradoxos:
O pai de todos os paradoxos é o que se refere ao curto prazo — longo prazo. É uma questão que sempre me colocam. “Como eu posso gerenciar os resultados trimestrais e ainda fazer o que é correto para meu negócio daqui a cinco anos?” Minha resposta é: “Bem-vindo a liderança”.
Qualquer um é capaz de gerenciar no curto prazo – basta continuar espremendo o limão!
Qualquer um é capaz de gerenciar no longo prazo -basta continuar sonhando!
“Você é escolhido como líder porque alguem acreditou na sua capacidade de expremer e sonhar ao mesmo tempo!”
“A execução de espetáculos de equilíbrio todos os dias é liderança!””
Veja que estes conflitos estão presentes nas regras abaixo, por exemplo, 3 e 6 e 5 e 7.
Vamos a elas:
1 – Líderes são incansáveis em melhorar a equipe, usando todos os encontros como oportunidades para avaliar, treinar e reforçar a autoconfiança.
Você precisa avaliar — certificando-se de que as pessoas certas estão nas funções certas, apoiando e promovendo as que estão bem colocadas e afastando as que não estão.
Você precisa treinar — orientando, criticando e ajudando cada um a melhorar seu desempenho sob todos os aspectos.
Finalmente, é preciso construir a autoconfiança – derramando encorajamento, solicitude e reconhecimento.
2 – Os líderes se empenham para que as pessoas não só compreendam a visão, mas também para que a vivenciem e a respirem
Houve ocasiões em que falei tantas vezes sobre a trajetória da empresa num único dia que já não aguentava mais ouvir minha própria voz batendo na mesma tecla. Mas eu percebia que a mensagem era sempre nova para alguém.Daí a importância de repeti-la o tempo todo.
3 – Os líderes se põem no lugar de todos, transpirando energia positiva e otimismo.
Voce conhece aquele velho ditado: “O peixe apodrece a partir da cabeça”
Um gerente vibrante, que passa o dia com uma atitude positiva, de alguma maneira acaba liderando uma equipe ou organização cheia de pessoas vibrantes, com atitudes positivas. Já o pessimista crônico, sempre mal-humorado e de cara fechada, acaba com uma tribo infeliz.
E as tribos infelizes têm muita dificuldade para vencer.
4 – Os líderes angariam confiança com franqueza, transparência reconhecendo os méritos alheios.
O que é confiança? Eu poderia dar-lhe uma definiçao de dicionário, mas você sabe o que é quando a sente. A confiança surge quando os líderes são transparentes, simples e cumprem a palavra. Só isso.
5 – Os líderes têm coragem para tomar decisões impopulares e agir com base no instinto.
Por natureza, algumas pessoas são construtoras de consenso. Outras anseiam ser amadas por todos.
Há ocasiões em que é preciso tomar decisões difíceis — demitir pessoas, reduzir os recursos de um projeto ou fechar uma fábrica. Obviamente, essas medidas provocam queixas e resistência. Sua tarefa é ouvir e explicar-se com clareza, mas ir adiante. Você não é um líder para ganhar um concurso de popularidade — você é líder para liderar. Não se candidate ao cargo. Você já foi eleito.
Muitas vezes, certas decisões são difíceis não por ser impopulares, mas por se basearem no instinto e desafiarem argumentos “técnicos”.
6 – Os líderes questionam e instigam, por meio de uma curiosidade constante que se aproxima do ceticismo, esforçando -se para que suas perguntas sejam respondidas com ação.
Quando você é um colaborador individual, tenta encontrar todas as respostas. Essa é a sua função – ser um especialista, o melhor no que faz, talvez até a pessoa mais inteligente na sala.
Quando você é líder, sua tarefa é fazer todos os tipos de perguntas.Você deve sentir-se muito a vontade parecendo a pessoa mais burra da sala. Você deve interromper a toda hora todas as conversas sobre uma decisão, uma proposta ou alguma informação sobre o mercado, com perguntas do tipo “E se?”, “Por que não?”e “Por que é assim?”.
Só o questionamento, contudo, nunca é suficiente. É preciso ter certeza de que suas perguntas provocam debates e levantam temas que exigem ação.
7 – Os líderes inspiram a assunção de riscos e o aprendizado constante, dando o exemplo.
Muitos executivos insistem para que seu pessoal tente novas experiências e depois metem o pau nos mais ousados quando algo não dá certo. Se você quer que seu pessoal experimente, dê o exemplo. Aceite correr riscos. Você não precisa ser moralista ou depressivo a respeito de seus erros. De fato, quanto mais humorado e espontâneo puder ser, mais as pessoas captarão a mensagem de que os erros não são fatais. Pode-se criar uma cultura propícia à tomada de riscos ao admitir abertamente seus erros e ao explicar o que aprendeu com eles.
Não consigo me lembrar de quantas vezes contei a alguém sobre meu primeiro grande erro, uma mancada sem tamanho, explodir uma planta piloto em Pittsfield, Massachusetts, em 1963. Eu estava do outro lado da rua, na minha sala, quando ocorreu a explosão, provocada por uma fagulha. O barulho foi enorme e pedaços do telhado e fragmentos de vidro se espalharam por todos os lados.
Apesar da enormidade do meu erro, o chefe do meu chefe, um ex-professor do MIT chamado Charlie Reed, não me hostilizou. Em vez disso, as explicações dele sobre as causas do incidente me ensinaram não só a melhorar o processo de fabricação mas também, o mais importante, a lidar com alguém por baixo. Esse não foi o único erro em minha carreira; cometi muitos outros. Comprei o banco de investimentos Kidder Peabody — um desastre em matéria de incompatibilidade cultural — e contratei muita gente inadequada. Essas experiências não foram nem um pouco animadoras, mas falei sobre elas abertamente para mostrar que é normal fazer apostas ousadas e perder, desde que delas se extraia alguma lição.
O fato de ser o chefe não significa que você seja a fonte de todo o conhecimento. Sempre que eu descobria alguma boa prática em outra companhia, voltava para a GE e armava o circo. Talvez eu exagerasse o caso, mas com isso queria que as pessoas soubessem quão entusiasmado eu estava em relação à nova idéia.
8 – Líderes celebram
Por que será que comemorações deixam os executivos tão nervosos? Talvez porque festejar não pareça muito profissional ou por imaginarem que, se tudo ficar muito alegre no escritório, as pessoas deixarão de levar as coisas a sério. Insisti na importância de comemorar por 20 anos. Mas durante minha última viagem como CEO ao nosso centro de treinamento, em Crotonville, perguntei aos cento e tantos gerentes presentes: “Vocês comemoram as vitórias em suas unidades?” Mesmo sabendo qual seria a resposta que eu esperava, menos da metade disse que sim. Que perda de oportunidade. As comemorações criam uma atmosfera de reconhecimento e de energia positiva. Imagine uma final de campeonato sem que a equipe vencedora festeje a vitória. Ainda assim, as empresas não raramente realizam grandes proezas e deixam tudo passar em branco. O trabalho está muito presente na vida de todos para que não se reconheçam os momentos de realização. Explore-os tanto quanto possível. Transforme-os em grandes feitos.
Sou freqüentemente questionado se os líderes nascem prontos ou são produzidos. A resposta, evidentemente, é: ambos. Algumas características, como Q.I. e energia, parecem vir na embalagem. Por outro lado, você aprende algumas habilidades de liderança, como autoconfiança, ainda no colo da mãe e na escola, na faculdade e nos esportes. E você ainda aprende outras coisas no trabalho — ao tentar algo novo, errando e aprendendo com o erro, ou acertando e conquistando confiança para fazer novamente, melhor ainda. Para a maioria, a liderança acontece um dia, quando você se torna chefe e as regras passam a ser outras.Antes, seu trabalho era você mesmo. A partir do momento em que você se torna um líder, são os outros.
* Trecho do livro Paixão por Vencer , Jack Welch, ex CEO da General Eletric.